O que é?
As vivências de uma perda significativa para o ser humano são experiências de difícil, demorada e dolorosa elaboração. O luto é o conjunto de reações e o modo de elaboração dessas perdas exigem do indivíduo o “trabalho do luto”, como denominou Freud.
É um estado normal, que com o passar do tempo será naturalmente superado. Mas, é um período necessário que pode durar meses ou até mais e requer um gasto de energia para a reorganização e retirada do investimento de afeto nesta criatura ou objeto que a realidade mostra que não existe mais e para que outras conexões com outros amores sejam possíveis.
Atenção aos sinais
Os afetos advindos do luto se apresentam como sentimentos profundos onde o indivíduo se sente desanimado, desinteressado pelo mundo externo, inibido em suas atividades e incapaz de substituir o objeto perdido por um novo amor.
Quanto maior o sofrimento tanto maior o apego ao objeto perdido, que tanto pode estar relacionado à perda de um familiar ou a outras perdas subjetivas, projetos ou ideais muito desejados, conscientes ou inconscientes. Pode também vir acompanhado de muita angústia.
No entanto, quando a condição da pessoa se prolonga por muito tempo neste estado de sofrimento e ela não consegue superar essas perdas que, além de tudo, vem acompanhadas da diminuição de autoestima, intensificação de autoacusações e punições faz-se necessária a procura de um profissional qualificado.
Possíveis causas
Cada ser humano carrega consigo todas as perdas que teve ao longo da vida. No entanto, o primeiro luto vivenciado pela criança, o desmame, ou seja, a perda do seio materno, que é a primeira fonte de alimento e prazer, estrutura e define a condição com que ela poderá lidar com os lutos futuros, visto que toda perda reativará esta situação primitiva. Perder alguém ou algo muito amada é carregado de dor, pois a necessária separação requer tempo para que o sujeito reconstrua sua vida sem o outro.
O luto também apresenta duas faces contrárias que são muito difíceis para elaborar e aceitar, por um lado, é necessário vivenciar a raiva porque o ente querido nos deixou e por outro viver a culpa por tê-lo deixado partir. Ainda temos um agravante na modernidade que é a tentativa de evitar, ou seja, a negação a todo custo do sofrimento por meio dos medicamentos, que adiam a elaboração do luto deixando-o interminável.
Sem esquecer também que nestes tempos de pandemia, o luto fica ainda mais dificultado, pois até mesmo os rituais fúnebres que ajudam na elaboração da perda, as condições de infecção impedem ou diminuem essa possibilidade.
O que fazer diante do luto?
O acolhimento e a escuta por um psicanalista possibilita que a pessoa que passou, ou está vivenciando um luto, e se encontra em estado de sofrimento, possa falar de todo o seu amor e tristeza para lentamente abrir mão de suas ligações excessivas com a pessoa ou objeto perdido.
Permitindo assim, um vínculo saudável e se abrindo para a conquista de outros objetos e investimentos de afeto na vida.
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